TRANSIÇÃO

As crises existenciais são parte da vida de todo ser humano e nesses momentos nós nos vemos face a difíceis decisões a serem tomadas.
Se observarmos bem, é nestes momentos de transição que mais crescemos, só que isso não fica claro na hora em que estamos atravessando verdadeiras tempestades emocionais e materiais.
É nos momentos em que nossa vida parece virar do lado avesso e nos sentimos forçados a seguir por caminhos novos e desconhecidos que tememos e evitamos muitas vezes antes.
Novas atitudes, novas escolhas, novos rumos, novas experiências, novos amigos, novo emprego, nova vida!
Tudo novo não significa que seja tudo bom.
Mas significa que precisamos aprender a enfrentar o desconhecido e crescer. Nos desapegar de velhos padrões e hábitos que nos prenderam por muitos anos a situações que já nos desagradavam e incomodavam, mas que não conseguíamos mudar.
Pode até não ser bom a princípio, por que dá medo, mas com certeza é necessário.
Por que a força motriz que nos leva a evoluir depende do nosso bem estar interior. Não podemos progredir e crescer interiormente fazendo e vivendo o que tanto nos incomoda e faz sofrer.
Por um lado, a vida nos leva a viver situações cármicas necessárias ao nosso crescimento e amadurecimento, nos colocando frente a situações inevitáveis, como uma doença por exemplo, ou uma limitação financeira, ou um relacionamento que nos testa o tempo todo. Considero estas situações inevitáveis como a bússola que indica nosso norte; sem elas estaríamos perdidos nos mesmos erros e escolhendo caminhos errados.
Precisamos nos auto-analisar, mudar a perspectiva com a qual encaramos as dificuldades e nos fortalecer para darmos passos adiante e vivenciar outros aspectos da nossa vida.
Mas, aquelas situações às quais nos agarramos por medo de mudar ou as vezes até por desconhecimento de que outro rumo tomar, essas tem que chegar a um ponto final.
Considero então os momentos de transição como as provas que temos que fazer para mudar de nível ou passar de ano na escola.
Seja por decisão nossa, por que amadurecemos o suficiente, por que nos cansamos de tanta anulação ou porque vislumbramos novas possibilidades ou por que a vida segue seu curso e nos leva a novos momentos em que precisamos tomar estas decisões, apesar do nosso medo.
É nestes momentos de transição em que temos que nos reconstruir e, como dizem os artistas e intelectuais modernos, fazer uma ‘releitura’ de nós mesmos, que mais crescemos como seres humanos.
Depende de nós esse crescimento porque a vida apesar de seguir o movimento cósmico e nunca parar, não impõe nada a ninguém. O livre-arbítrio que é nosso direito de escolha está sempre em primeiro lugar.
Então a vida coloca diante de nós situações em que temos que tomar uma decisão. Com medo, com insegurança, com dúvidas, mas temos que decidir. Em certos momentos da nossa vida não é possível ficar parado ou retroceder, só é possível ir em frente.
Da decisão que tomamos neste momento, nasce o novo futuro que iremos viver.
Falando assim parece até que  a vida para e fica esperando nossa decisão. Infelizmente, isso não acontece. O rio da vida nunca para.
Se não decidirmos pela mudança nestes momentos de transição, a mudança vem assim mesmo. O que acontece é que até mesmo nossa velha rotina, nossas velhas escolhas, aquelas as quais nos agarramos por anos ou décadas, nunca mais serão as mesmas.
Podemos continuar fazendo o que já conhecemos, mas será um peso bem grande e cada vez mais será desagradável. Então seremos ainda mais infelizes e amargos até que chegue o momento em que explodimos e botamos tudo a perder ou ficamos profundamente deprimidos, adoecemos ou enlouquecemos !
Então quando você ficar em dúvida sobre se a sua vida está no rumo certo ou começar a se questionar se deve continuar fazendo o que já não lhe agrada a um bom tempo, pare e pense, você deve estar num desses momentos de transição e é preciso meditar muito a respeito da sua vida para que consiga encontrar o rumo certo.
O propósito da existência é o aprendizado, não o sofrimento, portanto precisamos levar em conta que até mesmo coisas aparentemente boas têm seu tempo e seu ciclo e precisam passar. Precisamos seguir em frente, confiantes e abertos a novas possibilidades.
Para isso, é preciso aprender a ouvir a si mesmo. Seu interior, sua intuição.
Silenciar a mente tão preocupada com as obrigações, as contas, o que esperam de nós, a quem temos que agradar, as aparencias de uma vida materialista, o que temos que ter, comprar, usar, a pressa da vida diária, os compromissos.....Ô stress!
Silenciar tudo isso e escutar o que nosso interior tem a dizer, dedicar um tempo a nós mesmos, ler um livro, falar com Deus, olhar o céu, as estrelas. Há quanto tempo você não faz isso?
Lentamente nossa voz interior que as vezes chamamos de Deus, vai nos falar através de sentimentos, impressões, desejos e vamos saber o rumo certo a tomar.
“Ouça quem tiver ouvidos de ouvir”, diz a velha parábola atribuída a Jesus.
Então? Vamos aprender a nos ouvir?
25-03-2011

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